quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Um rosto menos entusiasmado, um eleitorado menos esperançoso
Se na campanha de 2008 o democrata
oferecia aos eleitores uma chance única de fazer história, em 2012 ele
sente o peso de ser presidente
Ao ver apoiadores sentados na primeira fila em um comício de Barack Obama
dá para perceber que nada parece ser muito diferente de quatro anos
atrás. A energia que o cercava ainda continua presente. Os democratas
ainda acreditam nele e as multidões ainda ficam em pé embaixo de chuva
para ouvir seus discursos.
Mas, em geral, os eventos estão menores e
a multidão menos diversificada. Caso continue observando além da
primeira fila, perceberá que há menos pessoas com um olhar hipnotizado e
mais com um olhar analítico. A campanha de 2008 ofereceu aos eleitores
uma oportunidade única para entrar para a história, de fazer parte da
memória coletiva da nação. Este ano a repercussão não será a mesma.
Desta vez, Obama é tanto candidato
quanto presidente e com isso carrega em si o peso da instituição e
quatro difíceis anos de governo. Ele não é mais aquela encarnação
abstrata de noções interligadas de esperança e mudança. Ele é o
presidente, com um histórico a defender. Ele não pode mais pedir que as
pessoas tenham esperança por mais quatro anos. Agora ele tem que olhar
para frente, como dizem seus cartazes de campanha.
Em fotografias de 2008, a campanha de
Obama era visivelmente um trabalho em progresso, em constante evolução
através de uma longa e amarga temporada de primárias. Os locais de seus
discursos eram dos mais diversos, tanto quanto as multidões que os
habitavam.
Em um comício em Carrollton, Texas,
Obama caminhava livremente pelo palco, sem se ligar muito ao
teleprompter, com microfone na mão, iluminado de um lado por um
holofote. Seu passeio ao redor do palco o trouxe a poucos centímetros da
minha lente. Na reta final, durante o mês de outubro, seus eventos
pareciam-se com shows de rock com ingressos esgotados. Dava para sentir a
onda de energia e emoção que tomava conta do país à medida que o dia da
eleição se aproximava.
Desta vez, muitos de seus comícios têm uma escala menor e não possuem a
mesma sensação dos de 2008. Eles estão mais parecidos com a maioria dos
eventos presidenciais. Em um comício em um campo de beisebol em Virgínia
o presidente apareceu balançando, literalmente, um bastão de beisebol
imaginário. Mas a multidão estava espremida em um canto do estádio para
dar a ilusão de densidade. Há quatro anos atrás, ele teria falado no
centro do estádio, já que seus apoiadores teriam enchido o local por
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